quinta-feira, 7 de agosto de 2014

USO COMPULSIVO DA INTERNET

Critérios Diagnósticos para o Uso Compulsivo da Internet (Kimberly)
1. - A pessoa se sente preocupada com Internet, pensa sobre a atividade on-line anterior o antecipa a sessão on-line futura. 
2. - A pessoa se sente a necessidade de usar Internet durante cada vez mais tempo para obter a mesma satisfação.
3. - Tem feito repetidos esforços infrutíferos para controlar, reduzir, ou deter o uso de Internet.
4. - A pessoa se sente inquieta, mal-humorada, deprimida ou irritada quando tenta reduzir ou parar com o uso de Internet
5. - Fica conectada mais tempo do que havia planejado originalmente.
6. - Por causa do uso de Internet excessivo a pessoa tem sofrido perda de alguma relação significativa, como por exemplo, o trabalho, a educação ou nas oportunidades sociais.
7 - Tem mentido aos membros da família, terapeutas ou outros para ocultar tamanho de seu uso de Internet?
8. - Usa Internet como uma maneira de evadir-se dos problemas ou de ocultar algum tipo de mal estar, tais como, por exemplo, ocultar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão, etc.
A adicção à Internet deve ser considerada uma adicção especificamente psicológica (ou comportamental), assim como a adicção ao sexo, às compras, ao trabalho, aos jogos, e mesmo à televisão, tendo em vista características comuns à esses tipos perda do controle, tais como eventual síndrome de abstinência, uso excessivo, forte dependência psicológica, interferência na vida cotidiana, perda de interesse por outras atividades, etc. Em resumo, tal como em outras dependências, no uso compulsivo à Internet existe uma absoluta necessidade de realizar essa atividade e, em não se levando a cabo, experimenta-se ansiedade.
Portanto, assim como ocorre no Jogo Patológico, por exemplo, o Uso Compulsivo da Internet se incluiria entre as adicções conhecidas como Adicções sem Drogas, ou adicções comportamentais (Cervera, 2000), que se caracterizam pelo desenvolvimento de um processo adictivo sem a ingestão de nenhuma sustância. Apesar das evidências sobre conseqüências negativas relacionadas com o uso de Internet, as adicções não químicas apresentam certa controvérsia e a inclusão da adicção a Internet dentro dessa categoria é também discutível (Echeburúa, 1998 - Griffiths, 1997 - Young, 1996. Toronto, Canadá) .
A base teórica com que contam os defensores da existência do Transtorno de Compulsão a Internet, são alguns estudos descritivos sobre os padrões não normais de uso da Internet. O jornalista Hughes Henry estima em 30 milhões o número de pessoas acometidas, enquanto a Dra. Kimberly S. Young, mais comedidamente, supões existirem uns 400.000 norte-americanos afetados em uma população 20.000.000 de internautas.
Supostas Conseqüências do Uso Compulsivo da Internet
Os principais itens atribuídos como prejudiciais no uso compulsivo da Internet podem ser agrupados da seguinte maneira:
1. - Mudanças drásticas nos hábitos de vida a fim de ter mais tempo para conectar-se.
Essas mudanças de hábitos podem ser discretas, como mudanças nos horários das refeições, até mudanças em escalas de trabalho ou diminuição da jornada para poder ficar mais tempo na Internet. O caso específico de mudanças no ritmo e qualidade do sono são abordadas em outro item, mas o prejuízo ocupacional inclui-se aqui.
Por outro lado, esse item por si só, não significa, absoluta e invariavelmente, algo nocivo, pois, em algumas pessoas a Internet proporciona mudança de hábito para melhor, como por exemplo, pessoas que jogavam, bebiam, entediavam-se ou eram freqüentadores habituais de bares e passam a disciplinar melhor essas atitudes pouco recomendadas.
2. - Diminuição generalizada da atividade física.
A atitude de ficar na frente do computador inibe e prejudica substancialmente a atividade física, contribuindo fortemente para aumentar o sedentarismo que já existe na vida cotidiana. Outras pessoas, entretanto, impedidas de atividades por limitações ou deficiências físicas podem ter a qualidade de vida enormemente aumentada com a Internet.
3. - Descaso com a saúde própria em conseqüência da atividade na Internet.
Isso ocorre, por exemplo, nas pessoas fumantes e que aumentam muito o consumo do fumo quando conectadas. Também naquelas que contrariam orientações médicas (sobre fazer exercícios, alimentação balanceada, correção de postura, etc) devido à permanência excessiva diante do computador.
4. - Afastamento de atividades importantes a fim de dispor de mais tempo para permanecer conectado.
Inclui-se aqui até o prejuízo das atividades lúdicas, de lazer e sociais, sistematicamente substituídas pela utilização da Internet. Portanto, podemos atribuir a esse item a diminuição da sociabilidade.
Por outro lado, é vaga a concepção de "atividades importantes". Esse tema, emancipado do sistema de produção, perde totalmente a conotação qualitativa. Muitas vezes a informação obtida na Internet é igualmente ou mais importante que uma gama de atividades tidas como "produtivas" ou, inexplicavelmente, consideradas "importantes".
5. - Privação ou importantes mudanças do sono a fim de dispor de mais tempo para permanecer conectado.
Atualmente as principais vítimas dessas alterações do sono são os adolescentes, permanecendo até altas horas na Internet com expressivo prejuízo do despertar e do repouso indispensável para o dia seguinte. Entretanto, o prejuízo é maior ainda em adultos, os quais devem levantar muito cedo para enfrentar a jornada de trabalho.
6. - Negligência respeito da atenção à família e amigos.
No âmbito familiar e social mais próximo esse é o prejuízo maior. A maioria das famílias de pessoas adictas à Internet queixa-se, invariavelmente, do aspecto alienante da pessoa patologicamente atrelada à Internet. São pessoas que se afastam progressivamente do convívio doméstico, ainda que, habitualmente, disponham de poucas horas para essa convivência. Em alguns casos, entretanto, o ambiente familiar problemático, hostil ou, como se diz em psiquiatria, de "alta emoção expressa" pode ser muito aliviado com a "fuga" para a Internet.
É sempre bom lembrar que as preocupações em relação ao uso da Internet devem ter a mesma relevância que o uso excessivo de qualquer outra tecnologia, a qualquer outro dispositivo eletrônico, tais como o telefone celular, videojogos, televisão, etc, conforme dissemos acima.
É bom também ressaltar, que o uso habitual, contínuo e mesmo persistente da Internet não é, invariavelmente, danoso; ele pode ser desde saudável até patológico. As pessoas fascinadas por esse hobby, desde que não comprometa o uso de seu de tempo ou suas atividades sócio-familiares, têm a possibilidade usufruir beneficamente das informações infinitas da Internet; podem aprender, fomentar sua criatividade, comunicar-se com outros, etc. A dificuldade maior no diagnóstico do uso compulsivo da Internet diz respeito aos limites entre o uso inócuo e sadio e o aparecimento de conseqüências danosas e diretas dessa atividade exercida em excesso.
Parodiando um ditado, segundo o qual "não importa que a aventura seja louca, desde que o aventureiro seja lúcido", antes de se atribuir qualquer rótulo de compulsão à Internet, é necessário saber mais sobre a conjuntura global do internauta: porque se conecta, porque tanto tempo, o que procura, como se sente.... Essas questões são muitas vezes mais importantes do que julgar o tempo em que ele fica conectado.
Para os críticos da tendência em se classificar a adicção à Internet como doença, essa atitude levaria ao risco de tornar patológicas as condutas habituais das pessoas, como por exemplo, o uso da televisão, do telefone celular, do automóvel, etc.
No caso do Uso Compulsivo da Internet, como em outros tipos de adicção, o essencial a ser considerado é se a conduta adictiva é um problema em si, isoladamente ou, por outro lado, se existem fatores predisponentes de personalidade que explicariam a aquisição e a manutenção da adicção.
Para nós ainda existe uma segunda questão a ser considerada; saber se a pessoa está compulsivamente ligada à Internet para bate-papo, para jogos, para conteúdo sexual ou para navegar por outras páginas de conhecimento. São coisas totalmente diferentes e, se nos inclinarmos a classificar tudo, acabaríamos por considerar uma espécie de adicção sexual à Internet, adicção de bate-papo, de jogos ou de conhecimentos, e assim por diante. E isso não nos parece correto.
Para Echeburúa, o padrão dos usuários compulsivos seria de jovens, com um nível cultural médio, que dispõem de tempo livre, certos conhecimentos de informática e inglês e que vivem em grandes cidades.
A Compulsão à Internet é, de fato, mórbida?
Podemos sistematizar as motivações mais importantes para usar Internet na seguinte ordem:
1 - Fuga: Incluindo-se aqui a presença de sentimentos de solidão, para evitar sensação de tédio da vida cotidiana e manter-se em contato com outras pessoas evitando inconveniências do contacto social presencial (na presença da pessoa);
2 - Busca de informação e;
3 - Interação social: Incluindo aqui o relacionamento com amigos, conhecer novas pessoas e trocar informação.
Uma interessante constatação, que de certa forma contraria uma crença anteriormente cogitada, é que o uso da Internet não afetou negativamente as relações sociais. Inclusive, vários elementos sociais positivos apareceram com a Internet com relativa freqüência, como por exemplo, o estabelecimento de novas relações entre pessoas, o encontro romântico de pessoas com afinidade entre si e a possibilidade de se estabelecerem relações interpessoais à distância. Por causa disso, excluindo-se a questão do jogo compulsivo pela rede e da pornografia compulsiva, a possibilidade de dependência à Internet nos moldes dos demais problemas de adicção são um risco menor.
Devemos ter em mente que algumas condutas se convertem em compulsões com mais facilidade que outras, dependendo da disposição pessoal, das circunstâncias existenciais, do entorno social da pessoa e do potencial compulsivo da atividade ou da conduta em si. Supõe-se, em tese, que para uma atitude tornar-se compulsiva deve, sobretudo, proporcionar algum grau de recompensa ao seu autor, seja aliviando uma ansiedade, seja proporcionando algum tipo de prazer.
Partindo-se então dessa idéia (de que a maior parte das condutas humanas pode ser susceptível de compulsão), não deveria surpreender a possibilidade de compulsão à Internet. Mas, para uma conduta ser considerada compulsiva no sentido patológico, deverá levar sempre e inevitavelmente a algum prejuízo social e/ou ocupacional.
Assim sendo, não podemos considerar patológica a pessoa que passa 8 horas navegando pela Internet em busca de conhecimentos, trabalhando, pesquisando, etc. Também não podemos considerar patológica a pessoa que, vivendo a sós, dedique maior tempo à Internet que uma outra que viva em companhia da família, assim como estudantes que passam a maior parte do dia pesquisando em vésperas de prova e assim por diante.
Resumindo, muito mais importante que o número de horas na Internet, importa saber porque a pessoa fica tantas horas on-line, em busca do quê e com que propósito.
Incidência
O estudo de Malta (Boris Villanueva Meneses), mostra conclusões interessantes. Este trabalho consta de uma mostra de 388 pessoas com fortíssimos vínculos com a Internet, avaliadas entre novembro de 1966 e março de 1997. Entre os pesquisados 80,7% eram homens e 19,3% mulheres e 34,8% tinha a idade compreendida entre 19 e 25 anos e 21,1% entre 13 e 18, sendo 65,7% solteiros e 32,2% casados. A proporção de pessoas ocupacionalmente ativas foi de 44,1% e 38,7% eram estudantes.
Gracia, na Espanha dispõe de um estudo realizado pela Universidade Politécnica de Catalunya, em 2001, onde consideram que 16% dos usuários de uma mostra de 1332 pessoas fazem uso abusivo da rede. Lourdes Estévez e colaboradores obtiveram resultados interessantes; a porcentagem de pessoas com uso constante da Internet na mostra estudada foi de 8,8% e, destes, 38,7% estava em situação de risco para compulsão. A conclusão do trabalho foi que o uso problemático da Internet se associa com elevado risco de Transtorno da Personalidade.
Gold e Heffner calculam que seja em torno de 6 a 10% os usuários da Internet que podem apresentar problemas de adicção. Whang (2003) e colaboradores, estudando 13.588 usuários da Internet na Coréia, estimaram em 3,5% de usuários diagnosticados como compulsivos e 18,4% em risco de adicção.
Segundo estudo de Malta, citado por Boris Villanueva Meneses, a freqüência de conexão diária apareceu em 27% dos pesquisados e 78% deles se conectava pelo menos 4 vezes por semana. O tempo de conexão semanal oscilou entre as 3 e 15 horas em 62,6% dos casos, entretanto, 6,2% das pessoas se conectavam à rede durante mais de 40 horas semanais.
Tipos de Uso dos Compulsivos
Sem dúvida, a expressiva maioria das pessoas que se conectam à Internet é constituída por pessoas aficionadas e que se utilizam da rede para recolher informação, obter novos programas, etc., com as facilidade de não estabelecer nenhum tipo de contacto interpessoal. De fato, de um modo geral, os recursos mais utilizados na Internet são o www e o correio eletrônico, constituindo o que se pode considerar como recursos universais, ou seja, utilizados regularmente por o 98,5% das pessoas e 97,2% respectivamente.
Outras pessoas, entretanto, representam aquelas que freqüentam os chats, salas de bate papo, sites de encontros e listas de discussão. E são essas aplicações interativas, como por exemplo, as salas de bate-papo ou sites de busca de companhia aquelas que têm sido as mais relacionadas ao uso problemático da Internet (Davis, 2002). Em segundo lugar vem a utilização de sites pornográficos, de jogo e compras.
Alguns autores consideram que um importante grupo de pessoas usuárias patológicas da Internet, estaria atendendo a sintomas psicoemocionais prévios, como por exemplo, pessoas com antecedentes prévios de outras condutas adictivas de jogo patológico, uso excessivo de pornografia, compras compulsivas, etc.
O trabalho de Lourdes Estévez (2003) especifica bem a utilização da Internet de acordo com o sexo dos usuários. Para ela, o serviço de e-mail e os chats são os serviços utilizados majoritariamente por 95% dos homens e 79% das mulheres. As mulheres fazem maior uso de jogos solitários (39%) chats (36%) e jogos de apostas (35%). Os homens procuram especialmente as paginas ou serviços de sexo (84%), seguido de compras (78%), e banco eletrônico (76%).Cerca de 60% das pessoas do grupo de risco de Compulsão à Internet acessam a rede com uma freqüência de mais de uma vez ao dia às páginas de sexo.
Outras condutas problemáticas se distribuem com 41% dos usuários com adicção ao trabalho pela Internet, 44% adicção ao sexo e 36% ao telefone celular.
Ainda segundo o trabalho de Lourdes-Estéves, entre homens e mulheres os grupos de risco aparecem nas proporções de 39 e 37%, respectivamente, sendo que, 62% das pessoas de ambos grupos mantêem-se conectadas por mais de 30 horas semanais. Em relação à idade, 78% da mostra é composto por pessoas menores de 35 anos e o grupo de 14 a 18 anos é significativamente superior aos outros, tanto em risco como em franco uso problemático da Internet. Dentro do grupo de estudo, os adictos aos jogos representaram 6% das pessoas, os solitários 25%, pessoas com finalidade de relacionamento interpessoal a maioria, ou seja 36% (Lourdes Estévez, 2003).
De modo geral, as condutas compulsivas manifestam-se tanto através da Internet como fora dela, seja em relação ao sexo, às compras e ao jogo. Sistematicamente podemos encontrar 4 variáveis nos casos de compulsão; I) aquelas que se manifestam dentro e fora da Internet, II) só na Internet, III) só fora da Internet, IV) sem uso problemático na conduta de interesse (como sexo, compras ou jogo) mas em outros usos de Internet (chats, sites de encontro, etc). Mas, em general, nas pessoas que fazem uso excesivo da Internet para as tres condutas problema (sexo, compras ou jogo), predomina o caráter de excitabilidade emocional, a busca contínua de prazer e a impulsividade.
Fatores Favorecedores do Uso Compulsivo
Poderiam ser fatores de risco para o uso problemático da Internet alguns transtornos psicológicos primários, como por exemplo, a timidez, as dificuldades no estabelecimento de relações interpessoais, as inabilidades sociais, a solidão, a baixa auto-estima, e assim por diante.
Quanto aos recursos favorecedores do uso compulsivo da Internet, entre os mais importantes estão o anonimato, a ausência de comunicação verbal e o distanciamento físico. A rede permite à pessoa substituir-se a si mesma, poder exercer todas suas fantasias, especialmente as sexuais, adotar outras identidades e criar realidades alternativas sem as barreiras do contacto interpessoal direto (Estévez, 2001).
fortes preferências pelas actividades solitarias, tendência a restringir sus contactos sociales. As pessoas com risco de adicção à Internet geralmente se caracterizam por ter um pensamento abstrato, menor conformidade com as normas ou regras sociais e solitárias. Isso tudo caracteriza os internautas geralmente como sendo pessoas inclinadas à introversão, consoante aos estudos de Petrie e Gunm (Petrie & Gunn, 1998).
Portanto, juntando-se as condições favorecedoras próprias da Internet (anonimato, ausência de comunicação verbal e distanciamento físico), à determinados traços de personalidade, teríamos a vulnerabilidade ao uso abusivo. Alguns desses traços de personalidade também são comuns em outras adicções ou trastornos psiquiátricos, como por exemplo o jogo e o comprar compulsivos, a impulsividade, a disforia, a busca exagerada de sensações novas, etc.
A Internet, para este nosso propósito, pode ser caracterizada através de seu caráter de tecnologia social (Salazar, 2000). As pessoas que entram na rede são seres sociais e encontram ali um lugar onde satisfazer a necessidade de socialização própria dos seres humanos. Isso acaba determinando a rede como um espaço social.
Quando um usuário mantém uma relação interpessoal através da Internet, por meio de quaisquer de seus recursos, está participando neste espaço social através de uma relação que conserva os mesmos objetivos das relações interpessoais com presença concreta, portanto, a Internet surge como um veículo que pode propiciar o estabelecimento de vínculos interpessoais duradouros, profundos, onde até se pode colocar em jogo uma importante carga afetiva.
Por outro lado, é atraente o estudo dos traços de personalidade nas compulsões (adicções sem substância). Roberto Óscar Sánchez (2001) sustenta que grande parte desses casos de Transtorno de Adição a Internet teria, como personalidade pré-mórbida, um transtorno associado à Ansiedade Social. Tais transtornos poderiam ser a Fobia Social ou o Transtorno de Pessoalidade (Ansiosa) por Evitação, tal como definidos no DSM-IV.
A Internet é uma ferramenta à que se atribuem inumeráveis vantagens para a educação, para o comércio, para o entretenimento e, em ultima instância, para o desenvolvimento do indivíduo. A participação da pessoa em grupos virtuais permite a interação social com outras pessoas, com fonte de conhecimento, com a sociedade de consumo e com culturas deferentes.
Não se têm dúvidas de que a implantação da Internet produziu numerosos benefícios para a sociedade, na medida em que melhora e facilita a comunicação e obtenção de informação. Entretanto, esse desenvolvimento não está isento de riscos e aspectos negativos, entre eles o risco de adicção em pessoas vulneráveis.
Portanto, saber se a compulsão à Internet existe e se, de fato, é nociva, não é uma questão tão simples. Isso ainda não foi claramente estudado, tornando-se uma importante missão dos profissionais da saúde mental examinar, cuidadosamente, os novos comportamentos que têm lugar no espaço virtual.
Enrique Echeburúa, citado por Boris Villanueva Meneses, refere que o grupo mais vulnerável a adicção à Internet é composto de pessoas introvertidas, com baixa autoestima e com vida familiar algo frustrante, enfim, estes usuários de Internet são capazes de criar um mundo virtual que compensa a insatisfação que têm no mundo real.
Muito do que se vê de problemático entre as pessoas adictas à Internet são, de certa forma, as mesmas coisas que se vê em pessoas sem a Internet: o jogo, as compras, o sexo... Isso nos remete à outra consideração importante; seriam manifestações anômalas que nascem com a nova tecnologia da Internet ou as condutas anômalas já existem e essa nova tecnologia apenas permite novas manifestações? Em outras palavras, parodiando um ditado antigo, seria de perguntar; “a ocasião faz o ladrão ou o ladrão está feito esperando a ocasião para roubar?”
A Internet representa um moderno meio alternativo de comunicação, expressão e interação. Seu uso problemático poderia ser, em resumo, a transformação adictiva de um comportamento normal, um modo diferente de praticar adicções pré-existentes (jogo, sexo...), um veículo de expressão anômala de outros transtornos emocionais (transtornos afetivos...) ou, finalmente, um modo de compensar dificuldades adaptativas no espaço social real (transtornos de socialização, fóbicos, etc).

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Desenvolvimento biopsicossocial infantil: A Psicologia auxiliando Família & Escola.




Nos primórdios, a família por muito tempo foi à primeira instituição ou muitas vezes a única a instruir, ensinar e auxiliar no desenvolvimento biopsicossocial de seus filhos.
O acompanhamento pessoal dos pais no início da vida de uma criança pode ser muito prazeroso se a família mantiver um vínculo de afeto e proteção a seu filho. É na família que tudo tem início, as primeiras “lições de vida”, sejam boas ou más.  Pais que participam da vida de seus filhos desde a concepção, já estão construindo a personalidade deste filho.
Quando os pais são negligentes na participação da vida de seus filhos, podem deixar sequelas no desenvolvimento emocional da criança,  que tendem a ser  irreversíveis.
Em tempos hodiernos, os pais em busca de aumentar a renda familiar, ausentam-se ambos,  chegando a privar seus filhos parcialmente ou em grau variável da atenção adequada e necessária.
            Segundo Dinah Campos (2003-p. 94), perturbações no ambiente onde o indivíduo se encontra em especial na família, podem determinar angústias transformando posteriormente em forma de necessidades neuróticas.
            Nos casos de maus-tratos onde a criança é colocada em perigo, acontecem efeitos devastadores no comportamento. Os abusos físico, sexual ou de negligência tem ainda um alto índice, provocado muitas vezes por pais que podem ter sofrido os mesmos atos.  Caso não haja tratamento psicológico,  este ciclo intrafamiliar tende a perpetuar.
            A Escola por sua vez, é a instituição detectora das falhas no desenvolvimento infantil, contudo, quando tais falhas passam despercebidas ou tornam-se motivos para a exclusão infantil, as questões que geram tais rupturas na vida da criança tendem a multiplicar-se, levando-a  a auto-rejeição.
Muitas crianças encontram-se no âmbito educacional, desmotivadas, desatentas e confusas em virtude de problemas familiares. A junção destas problemáticas na maioria das vezes induz a estigmatizar-se a criança com determinados transtornos psíquicos como, por exemplo, autismo ou hiperatividade sem que tenha havido algum acompanhamento psicológico para tal diagnóstico.   
De um lado pais focados em sustentar, investir e descansar no meio crianças com múltiplas dificuldades: emocional, educacional e comportamental , do outro, professores desmotivados pelo sistema educacional,  dificuldades financeiras e familiares e a pergunta: O que fazer?
Pressuponho que  a possibilidade de uma ação coletivamente construída por todas as partes envolvidas no processo de desenvolvimento da criança, onde  cada um assuma seu respectivo papel,  compartilhando ações  e respeitando as particularidades dos sujeitos envolvidos, exista a possibilidade de planejar, decidir e agir a favor do desenvolvimento biopsicossocial infantil.
Pois acreditamos que apontar e falar sobre os problemas e soluções educacionais não deveria ser uma atitude  permeada por um sentimento de falta de responsabilidade social, seria reduzir demais uma questão tão complexa e séria. Apontar que temos um sério problema educacional hoje em nossa realidade, com uma deficiência de aprendizagem enorme de crianças e adolescentes, soa como algo obvio, no entanto, muitas vezes não nos percebemos como cúmplices. Mas o importante neste caso é assumir a responsabilidade e se perguntar o que eu podemos fazer para melhorar este quadro? Qual seria nossa responsabilidade? Qual o nosso papel?
Encontrar um método para participar de processos que estimulem a aprendizagem para o desenvolvimento infantil é algo muito importante,
muitos podem ser o significado da palavra participar. É preciso que conheçamos as razões pelas quais as famílias não têm correspondido ao que os  educadores esperam quanto a sua participação na escola. Assim como perceber as razões que permeiam os educadores ao desestimulo. Para tal, precisa-se retirar a postura de juízes que condenam antes de conhecer as razões e introjetarmos métodos investigativos que buscam as causas para o desconhecido.
Subentende-se neste caso, a importância do Psicólogo Escolar-Educacional ou Psicólogo Consultor como mediador das instituições, permitindo ampliar a possibilidade do desenvolvimento biopsicossocial infantil saudável!
Marly Paixão, Psicóloga Clínica e Consultora, CRP 20/04354.


quarta-feira, 11 de abril de 2012


                                          MORAL DA HISTÓRIA?


                                    

Dois homens, seriamente doentes, ocupavam o mesmo quarto em um hospital.

Um deles ficava sentado em sua cama por uma hora todas as tardes para conseguir drenar o líquido de seus pulmões.
Sua cama ficava próxima da única janela existente no quarto. O outro homem era obrigado a ficar de bruços em sua cama por todo o tempo.
Eles conversavam muito. Falavam sobre suas mulheres e suas famílias, suas casas, seus empregos, seu envolvimento com o serviço militar, onde eles costumavam ir nas férias.
O homem na outra cama começou a esperar por esse período onde seu mundo era ampliado e animado pelas descrições do companheiro. Ele dizia que da janela dava pra ver um parque com um lago bem legal... Patos e cisnes brincavam na
água enquanto as crianças navegavam seus pequenos barcos. Jovens namorados andavam de braços dados no meio das flores e estas possuíam todas as cores do arco-íris.
Quando o homem perto da janela fazia suas descrições, ele o fazia de modo primoroso e delicado, com detalhes e o outro homem fechava seus olhos e imaginava a cena pitoresca.
Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu um desfile na rua e embora ele não pudesse escutar a música, ele podia ver e descrever tudo.
Dias e semanas passaram-se.
Em uma manhã a enfermeira do dia chegou trazendo água para o banho dos dois homens mas achou um deles morto. O homem que ficava perto da janela morreu pacificamente durante o seu sono à noite. Ela estava entristecida e chamou os atendentes do Hospital para levarem o corpo embora.
Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu à enfermeira que mudasse sua cama para perto da janela.
A enfermeira ficou feliz em poder fazer esse favor para o homem e depois de verificar que ele estava confortável o deixou sozinho no quarto.
Vagarosamente, pacientemente, ele se apoiou em seu cotovelo para conseguir olhar pela primeira vez pela janela.
Finalmente, ele poderia ver tudo por si mesmo. Ele se esticou ao máximo, lutando contra a dor para poder olhar através da janela e quando conseguiu fazê-lo deparou-se com um muro todo branco.
Ele então perguntou à enfermeira o que teria levado seu companheiro a descrever-lhes coisas tão belas todos os dias, se pela janela só dava pra ver um muro branco?
A enfermeira respondeu que aquele homem era cego e não poderia ver nada mesmo que quisesse. Talvez ele só estivesse pensando em distraí-lo e alegrá-lo um pouco mais com suas histórias.


Moral da história:
Há uma tremenda alegria em fazer outras pessoas felizes, independente de nossa situação atual. Dividir problemas e pesares é ter metade de uma aflição, mas felicidade quando compartilhada é ter o dobro de felicidade.
Hoje é um presente e é por isso que é chamado assim.




O autor dessa história é desconhecido, mas ela traz boa sorte para todos que a lêem.
Forte abraço!